Exposição A Intenção e o Gesto - Encerrada

A exposição A Intenção e o Gesto, parte do projeto Arte e Indústria, do Prêmio CNI SESI SENAI Marcantonio Vilaça, iniciativa que homenageia artistas com processos de criação relacionados à produção industrial. Em sua terceira edição, o projeto tem a curadoria de Marcus Lontra e reúne trabalhos do artista Sérvulo Esmeraldo, homenageado pelo Prêmio este ano, e de mais 10 artistas contemporâneos que dialogam com sua produção: Almandrade, Ana Maria Tavares, Angelo Venosa, Arthur Lescher, Delson Uchoa, Hildebrando de Castro, Guto Lacaz, Iran do Espírito Santo, Jaildo Marinho, Raul Córdula e Paulo Pereira.


Visitações
(Rua Dr. João Moreira, 143 – Centro)
As visitações para o público em geral vão até 1º de julho.
De terça-feira a sábado, das 9h às 17h; domingos, das 9h às 13h.


A intenção e o gesto
por Marcus de Lontra Costa, 
Curador


Tem que se achar
Que a vida não é só isso que se vê
É um pouco mais
Que os olhos não conseguem perceber
E as mãos não ousam tocar
E os pés recusam pisar
(Paulinho da Viola. Sei lá Mangueira)


A potência da obra de arte não está somente naquilo que se vê na sua forma. É preciso ir além, descobrir aquilo que não se revela de imediato, pesquisar a sua história, decifrando os seus códigos e descobrindo a sua ideia, o seu conceito. Nesse momento a obra supera a sua materialidade para dialogar com o passado e se projetar no futuro. É a sua verdadeira beleza, o corpo que se cria e se afirma não somente pela matéria, mas também, e principalmente, pelos sentidos e pela razão.

Sérvulo Esmeraldo, artista homenageado nesta edição do projeto Arte e Indústria, é referência obrigatória na história da arte brasileira. Nasceu na cidade do Crato, no Cariri cearense, região espetacular no Brasil. Como a maioria dos artistas da sua geração, iniciou seus trabalhos a partir da observação da paisagem. De imediato interessou-se pelo movimento, pela transformação dos fenômenos da natureza, pela dinâmica dos corpos e pela dialética do saber.

Começou, então, a produzir pequenas engenhocas que se apropriavam da corrente dos pequenos riachos abundantes na região e começou assim a se interessar pela essência das coisas, aproximando arte e ciência, processo e criação, objetividade e liberdade criativa. A percepção de determinada equação visual descoberta pela observação da paisagem é imediatamente respondida pela ação transformadora do artista. Há, portanto, uma decorrência imediata entre a intenção e o gesto, entre o que se vê, o que se descobre, o que se cria e o que se transforma.

Ao longo de toda sua vida Sérvulo jamais deixou de ser o menino curioso do Crato. Seu talento o levou para a capital, Fortaleza, para os grandes centros brasileiros, São Paulo e Rio de Janeiro e depois para Paris. Os seus trabalhos gráficos, surgidos em uma inquietante pesquisa de espaço, criam as bases da práxis do artista. Ela garante a Sérvulo a régua e o compasso e, com esses instrumentos, o artista subverte o plano na busca da dinâmica do movimento. Tudo em Sérvulo é fluido, é devenir, é liquido. Na tríade dos grandes construtivos brasileiros, as obras de Amílcar de Castro se definem pela concretude, pela força do elemento Terra enquanto Franz Weissmann cria vazios que perpassam a obra e o definem como o elemento Ar. Sérvulo Esmeraldo trabalha a matéria iminente, a forma nômade, a transparência que define o seu elemento Água. E, para finalizar o círculo, podemos, nesse raciocínio, afirmar que ele se completa, na geração seguinte, com Tunga e suas portentosas matérias em ebulição que definem o elemento Fogo.

Esta mostra busca sintetizar a extensa produção de Sérvulo Esmeraldo, reunindo obras de diversas dimensões em variados materiais; trabalhos de potência gráfica, outros de cromatismo intenso, objetos em movimento real ou virtual, sintetizados pelos excitáveis, trabalhos que definem o talento e a inteligência do artista. Graças à colaboração inestimável da curadora Dodora Guimarães, companheira do artista, foi possível trazer a público essas obras que integram um patrimônio artístico de extraordinário valor, zelosamente cuidado e preservado por ela.

Na sequência, foram convidados destacados artistas brasileiros cujas produções dialogam com o artista homenageado. Muito além de óbvias referências formais, a curadoria buscou artistas que se identificam com algumas estratégias do artista, entre as quais o diálogo permanente com o popular e o erudito, com a clareza do método e a sofisticação estética, com as pontes que unem algumas características corajosas da modernidade e a sua permanência no contexto inquieto e desafiador da arte contemporânea.
    
Exposição encerrada em 1º julho de 2018.

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